Por FÁBIO GUIBU e GRACILIANO ROCHA: Portal Uol
Cerca de 600 homens do Exército, além da Força Nacional de Segurança,
policiais civis do COE (Coordenação de Operações Especiais), policiais
federais e policiais militares de um grupo especial vestidos de preto e
encapuzados, armados com metralhadoras, fuzis, pistolas e bombas de
efeito moral cercam a Assembleia Legislativa da Bahia desde as 5h30
desta segunda-feira. A operação é comandada pessoalmente pelo general
Gonçalves Dias, da 6ª Região Militar de Salvador. Às 6h45, chegaram ao
local um helicóptero e a polícia do exército, com cães.
Segundo o exército, a operação no momento visa a isolar os manifestantes
na Assembleia, para depois executar mandados de prisão e esvaziar o
prédio. Antes disso, uma equipe especial de negociação tentará conversar
com os grevistas e convencê-los a sair. "Tínhamos hora para chegar
aqui, mas não temos para sair", declarou Márcio Cunha, assessor de
comunicação do exército à reportagem da Folha.
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, chegou ao
local às 6h50 e está acompanhando a ação. "A intenção é uma saída
negociada, mas existe uma ordem judicial de prisão, e decisão judicial
tem que ser cumprida", disse referindo-se às 12 prisões decretadas de
líderes do movimento que estão dentro da Assembleia.
Os jornalistas são mantidos a 100 m de distância do local. No entanto, a reportagem da Folha
viu urutus (veículo blindado de cerca de 15 toneladas, armado com
metralhadora) se movimentando nas proximidades e a chegada de um urutu
no local às 6h10. O clima é de extrema tensão.
Os grevistas estão reunidos no pátio da Assembleia, acompanhando a ação e
passando instruções aos manifestantes utilizando um carro de som. Às
6h11, os manifestantes cantavam o hino nacional e acenavam com as mãos
para os policiais, gritando: "Vem! Vem! Vem!"
O assessor do soldado Marco Prisco Caldas Nascimento, líder dos
grevistas, Valdeck Filho, disse à reportagem que os militares se
encontram a 50 m da assembleia e que a estratégia dos manifestantes é
resistir até o fim. Nervoso, declarou "Vai acontecer uma chacina aqui, e
o responsável é Jaques Wagner".
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Fábio Guibu/Folhapress |
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Soldado do exército cerca a Assembleia Legislativa da Bahia. | | |
Por volta das 5h, os grevistas já ouviam o barulho sirenes e observavam
uma movimentação de militares a cerca de 300 metros do prédio. Um
grevista relatou à reportagem ter ouvido sons de tiros. O prédio está
sem energia elétrica desde a noite de ontem (6).
A Casa tem gerador, mas, para ajudar na iluminação, grevistas que estão
na frente do prédio ligaram e direcionaram os faróis dos carros para o
local. O governo do Estado nega que tenha pedido o corte.
Mais cedo, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo
(PDT), deu um ultimato para que os policiais militares desocupem a Casa
até a meia-noite.
Segundo ele, a decretação da prisão de 12 líderes grevistas que estão no
local agravou a situação. "Quero a Casa que eu presido de volta. Não
posso permitir que o Poder Legislativo seja esconderijo de foragidos",
disse.
Aliado do governador Jaques Wagner (PT), Nilo pediu ao comandante da 6ª
Região Militar, general Marco Gonçalves Dias, responsável pelo
policiamento em Salvador, que desocupe a Assembleia após o prazo dado
aos grevistas.
O anúncio do ultimato elevou a temperatura na Assembleia. Helicópteros com militares já sobrevoaram o local no final da tarde.
Em nota, a assessoria do movimento grevista informou que "mais de 3.000
homens, mulheres e crianças" estão no local e que "policiais militares
de todas as cidades da Bahia estão chegando a Salvador para lutar e
resistir".
Na madrugada de sexta-feira para sábado, a reportagem esteve na Assembleia e estimou que havia entre 800 e mil pessoas na Casa.
CRIMES
Dados da Secretaria da Segurança Pública da Bahia apontam que já chega a
88 o número de homicídios na região metropolitana de Salvador durante a
greve da Polícia Militar, iniciada na noite da última terça-feira (31).
Apenas ontem, foram registrados 13 mortes desse tipo.
Na madrugada desta segunda-feira, mais dois homicídios foram registrados em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
O dia mais violento até o momento foi a última sexta (3) quando 32
pessoas foram mortas. Segundo a secretaria, ocorreram também sete
homicídios na região na quarta-feira (1º), 14 na quinta (2) e mais 17 no
sábado(4).
No mesmo período da semana passada, o número de homicídios na região metropolitana foi de 41, incluindo todo o domingo.
Quarenta homens do COT (Comando de Operações Táticas) da Polícia Federal
desembarcaram neste domingo em Salvador para executar os
mandados de prisão expedidos contra integrantes do movimento grevista da Polícia Militar.
Os policiais federais também serão responsáveis pela remoção dos detidos para
presídios federais.
Pela manhã, foi preso um dos 12 policiais militares grevistas que tiveram a
prisão decretada
na semana passada. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o PM é
acusado de formação de quadrilha e roubo de um carro da corporação.
Ele é lotado na Coppa (Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental) e
foi preso pelo comandante da companhia. Além de responder pelos crimes,
o policial vai passar por um processo administrativo na própria
corporação.
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Haroldo Abrantes/Secom |
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Exército coloca blindados Urutu nas ruas de Salvador para patrulhar as ruas da cidade |
O Exército colocou nas ruas de Salvador neste domingo blindados Urutu
para patrulhar as ruas da cidade, que vive dias de violência e
insegurança com a greve dos policiais militares da Bahia.
No total, quatro veículos foram enviados de Recife com a missão de evitar tumultos e a obstrução de ruas.
Cerca de 3.100 homens da Força Nacional de Segurança, do Exército,
Marinha e Aeronáutica também estão na capital baiana para reforçar a
segurança.